Um
formato adaptável às realidades de cada país.
Desde
que a versão americana do reality
musical “The Voice” estreiou em terras americanas, o programa se popularizou e
abriu portas para a produção de versões em diversos países, notadamente Reino
Unido e Austrália (nessa postagem pretendo avaliar as temporadas
recém-encerradas das versões citadas, a saber, segunda temporada americana e
primeiras temporadas britânica e australiana, analisando alguns aspectos e
comparando outros).
O formato inovador do programa
Com
uma fórmula inovadora, o The Voice atraiu públicos de todas as idades e gostos
musicais, e principalmente aqueles cansados da fórmula obsoleta do American
Idol, que, apesar de ter seus méritos e vários pontos positivos que poderiam
ser adotados pelo The Voice, há muito tempo precisa rever a duração de algumas
fases desnecessariamente longas demais, sem mencionar as atribuições do seu
corpo de jurados. Já são 11 temporadas sem mudanças significativas.
Um
dos pontos de maior acerto do The Voice é justamente colocar celebridades para
treinar os cantores, mostrando um lado mais humano dos mesmos. Se num primeiro
momento o público não está interessado em acompanhar a jornada musical dos
candidatos para se descobrir musicalmente e/ou melhorar suas habilidades, pode
valer a pena ligar a televisão para ver como o seu artista preferido está se saindo
no papel de treinador, e eu posso dizer por experiência própria que só comecei
a ver o programa (já na sua segunda temporada) porque passei a acompanhar a
carreira do Adam Levine (vocalista da banda Maroon 5 e coach da versão
americana) desde aquele show no Rock in Rio do ano passado.
E
foi uma grata surpresa. Nunca fui uma grande fã de realities musicais,
principalmente dos estrangeiros. Lembro-me de ter acompanhado uma ou duas
temporadas do Fama, na Globo, que estreiou em 2002, e o primeiro Ídolos, em
2006, ainda no SBT. O fato é que no Brasil esse tipo de programa não parece ter
caído no gosto popular, resultando em audiências médias e em nenhum candidato
com sucesso razoável (com exceção do Thiaguinho, ex-vocalista do Exaltasamba,
que recentemente decidiu seguir carreira solo).
Uma
das razões para que eu me apaixonasse pelo programa já no primeiro episódio
assistido foi a forma de seleção e, não me parece ser à toa que a fase de blind
auditions seja a de maior audiência nas três versões. Primeiro que a premissa
de ser selecionado pela voz/talento e não pela aparência é extremamente
interessante, segundo que as disputas entre os coaches rendem boas risadas e
surpresas, pois acabamos descobrindo aspectos da vida e da personalidade deles,
nos “aproximando” ainda mais daqueles técnicos que já admirávamos e nos fazendo
torcer também pelos quais tínhamos uma ideia completamente diferente, ou, em
alguns casos, nem conhecíamos.
Comparações entre as versões mais recentes
Mesmo
com pequenas variações de uma versão para outra, é possível traçar um paralelo
entre as versões americana, britânica e australiana. É até natural, pois todas
exibiram seus episódios finais com poucas semanas de diferença.
Sem
dúvida a versão mais bem-sucedida nesse primeiro semestre, em todos os
aspectos, foi a australiana. Com o combo candidatos talentosos, coaches carismáticos e com muita química
(que não precisaram depreciar os candidatos dos outros nenhuma vez, pois confiavam
no seu trabalho), apresentador simpático, produção eficiente e preocupada com
os cantores e público que abraçou o formato e colocou as músicas no top 10 do
iTunes semana após semana, não poderia dar errado. Tudo isso aliado aos altos
índices de audiência refletiram em vários cantores vitoriosos nas suas jornadas
pós-programa: Karise Eden, aclamada “The Voice of Australia”, alcançou disco de
platina (vendendo 70 mil cópias) com o seu primeiro álbum, lançado pouco mais
de uma semana após a grande final ter ido ao ar.
Algumas semanas depois foi
anunciado que todos os finalistas iriam lançar álbuns. Isso aconteceu semana
passada, e Sarah de Bono, Darren Percival e Rachael Leachar também estão
comemorando o sucesso de seus respectivos trabalhos.
Coaches da versão australiana e seus respectivos finalistas: Seal e Karise Eden, Delta Goodrem e Reachal Leachar, Keith Urban e Darren Percival, Joel Madden e Sarah de Bono.
Já a
versão britânica, que começou com uma audiência arrasadora (quase 12 milhões em
um dos episódios das blind auditions),
terminou ladeira abaixo (com pouco mais de 5 milhões no penúltimo live show). Isso se deve, concluo eu, à
decisão precipitada de pré-gravar resultados, sem mencionar as muitas decisões
erradas dos coaches, que eliminaram
alguns dos melhores nas battles, e
mesmo do público, que excluiu outros muito bons já no primeiro live show. Creio que o pouco tempo para
votar (meia hora, pelo que se sabe) muito provavelmente interferiu nos
resultados. Outro ponto fraco foi a falta de química entre os coaches, que criticavam candidatos
gratuitamente. Todos esses problemas devem ser corrigidos para a próxima
temporada, que já está confirmada.
Quanto à vencedora da edição, Leanne
Mitchell, lançou um single e um clipe dentro de poucas semanas, nenhum dos dois
muito bem sucedidos. Veremos como vai se sair com o seu primeiro álbum, que
será lançado mês que vem.
Leanne Mitchell e seu coach, Tom Jones, cantando juntos no episódio final da primeira temporada do The Voice UK.
Por
fim, a polêmica edição americana, marcada pelas desavenças entre Christina
Aguilera e Adam Levine. Tudo ia bem durante as blind auditions: candidatos com um nível consideravelmente melhor
que o da primeira temporada, coaches
mais à vontade e produção melhor preparada (aumentando de 8 para 12 o número de
cantores por time). Nas battle rounds
algumas decisões precipitadas, como é normal nesse formato, mas nada que
afetasse o desenvolvimento do programa. O problema surgiu quando no primeiro live show Christina alfinetou seu
ex-colega do Clube do Mickey Mouse, Tony Lucca, integrante do team Adam, uma briga que se arrastou pelo
resto do programa e obviamente refletiu no resultado final. O que se sabe é
que, depois de toda aquela comoção no final da temporada, Adam e Christina já
voltaram a ser bons amigos e estão gravando a season 3, que estreia em setembro. O que se espera é que essa
temporada não seja afetada por nenhuma “briga de egos” desnecessária.
Jermaine
Paul, que foi vencedor, já saiu do programa marcado pelo estigma do ganhador do
ano passado, Javier Colon, que não conseguiu fazer sucesso, vendendo
pouquíssimas cópias do seu álbum de estreia. O álbum de Jermaine deve ser
lançado nos próximos meses.
Finalistas da segunda temporada do The Voice US: Jermaine Paul, Chris Mann, Juliet Simms e Tony Lucca.
The Voice Brasil
E
agora, que o The Voice chegou ao Brasil (com estréia marcada para setembro), veremos se
formato vai agradar o público daqui. Dirigido pelo Boninho (responsável por transformar
o BBB em uma febre nacional) e indo ao ar pela maior emissora do país (e uma das
maiores do mundo), tem tudo para se tornar um programa consagrado. Resta saber
se os técnicos vão cumprir bem seus papéis e se os candidatos vão nos poupar de
uma overdose de sertanejo universitário, “technobrega”, axé e coisas do tipo.
Com essa ressalva, devo dizer que estou bem ansiosa para a estreia, assim como
para a terceira temporada do The Voice americano e as segundas temporadas das
versões australiana e britânica, que só devem retornar em 2013.
Técnicos do The Voice Brasil: Claudia Leitte, Carlinhos Brown, Lulu Santos e Daniel.